Alagoas

PONTAL DA BARRA

GATILHO: Mulher assassinada pelo marido tinha feito boletim de ocorrência

Maria Elenilda buscou ajuda para se afastar do agressor

Por Redação 19/07/2022 16h04 - Atualizado em 19/07/2022 18h06
GATILHO: Mulher assassinada pelo marido tinha feito boletim de ocorrência

Onze dias antes de ser morta com nove tiros dentro de casa, Maria Elenilda Vieira da Silva, de 28 anos, registrou um boletim de ocorrência na Central de Flagrantes, no bairro do Pinheiro, em Maceió. Aos policiais relatou toda a aflição que sofria ao lado marido, Cláudio Jackson Barbosa dos Santos, de 36 anos, que se matou com um disparo na boca. Ambos foram encontrados em casa, no Pontal da Barra.

"Me sinto atordoada, perseguida e sufocada. Me sinto sozinha e sem saber o que fazer para fugir dessa vida. Desejo solicitar o pedido de medidas protetivas para que possa afastá-lo do lar", disse a vítima.

Apesar do histórico de agressões psicológicas, ela resolveu dar uma nova chance ao homem que conheceu durante o trabalho em 2012, e, que, no início, não apresentava nenhum comportamento agressivo ou dominador. No dia 3 de julho, quando fez o BO, Maria Elenilda relatou às autoridades que sofria com ciúmes, perseguição e ameaças do marido.

Segundo ela, tudo teria piorado no primeiro semestre de 2021, quando Cláudio começou a ter medidas mais perigosas. "Em abril de 2021, o mesmo me deixou em um consultório médico no Farol e ficou aguardando escondido. Em ligação, Cláudio disse que estava na Barra, pois iria jogar bola com os amigos. Ao fazer um exame e ser encaminhada para a finalização dos demais em outra clínica, saí do consultório, logo avistei o carro e me direcionei até o mesmo. Quando me aproximei, ele logo questionou que palhaçada era aquela, quem eu tinha ido encontrar ali. Eu desconsiderei e pedi que o mesmo me levasse em outro consultório. Quando chegamos em casa, eu pedi para me separar, pois não aprovava aquela atitude e já não estávamos bem".

De acordo com Elenilda, Cláudio não aceitou a separação, mas se comprometeu a fazer terapia. Ao começar as sessões, segundo a vítima, o marido aparentava melhora apenas diante da profissional. "Nas sessões ele falava o que a psicóloga e eu gostaríamos de ouvir, mas quando saía de lá, tudo voltava ao normal. Eram perguntas e mais perguntas. Diante de tudo que expomos, a psicóloga disse que ele tinha transtorno de paranoide. A partir daí, ele não quis mais ir", disse no boletim de ocorrência.

Depois desse período, Maria Elenilda contou que perdeu a privacidade até mesmo com próprio aparelho celular. "Mais ou menos a partir dessa época, eu já não saía mais sozinha. Ele estava monitorando meu celular por um aplicativo que monitorava som ambiente, mensagens de texto, Whatsapp, Instagram e tudo que fazia pelo celular. Pediu para eu sair do trabalho, pois só a partir disso podíamos iniciar uma nova vida. Assim eu fiz, nada mudou. As brigas não pararam, na rua eu não podia olhar para o lado, tudo que acontecia à minha volta é culpa minha, ninguém pode me olhar. Em casa, já não consigo dormir direito. Estou sempre com medo de alguma coisa acontecer".

Ela foi à Defensoria Pública e agendou a dissolução do casamento. “Um dia antes chorou rios e me convenceu de que devíamos tentar novamente", recordou a esposa.

O comportamento de Cláudio piorou e ele passou verificar todos os seus passos, chegando a pedir que a esposa soprasse para poder sentir o cheiro. Além disso, ele checava a roupa da vítima depois que ela a retirava, como também seu corpo. O homem mexia em suas coisas e questionando tudo. “Sempre que por descuido eu reajo, as ameaças aumentam. Ele deixa claro que vai fazer algo, só está vendo quando. No guarda roupa, reservou um espaço onde mantém uma fita adesiva cinza, um saco com enforca gato e uma caixa metálica com senha de segredo. Por todo o cenário e conversas descritas, tenho o receito que a finalidade seja me imobilizar e me fazer algum mal", relatou.

AJUDA – Em Maceió, o Núcleo de Atendimento a Mulher Vítima de Violência realiza atendimentos psicossociais e judiciais de mulheres vítimas de violência domésticas, acompanhando-as desde a escuta, ao atendimento na delegacia especializada na proteção da mulher, onde é estabelecido o devido processo legal e assim o encaminhamento, se necessário, para os abrigos públicos, a fim de proteger à integridade à vida da vítima.

Para maiores informações contate Secretaria de Estado da Prevenção à Violência por telefone (82) 3221-2471 ou por email [email protected]

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