Alagoas

CASO ROBERTA DIAS

Acusados de matar jovem grávida vão a júri popular 11 anos após o crime

Por Redação com assessoria 04/07/2023 11h11
Acusados de matar jovem grávida vão a júri popular 11 anos após o crime

O juiz Nelson Fernando de Medeiros Martins, da 4ª Vara Criminal de Penedo, anunciou na segunda-feira (03) que os réus Karlo Bruno Pereira Tavares e Mary Jane Araújo dos Santos serão levados a julgamento pelo Tribunal do Júri pelos crimes de homicídio qualificado por motivo torpe mediante recurso que dificultou a defesa da vítima. A jovem estudante Roberta Dias, residente na cidade de Penedo, foi a vítima desse crime hediondo ocorrido na região do Baixo São Francisco de Alagoas.

Além do homicídio qualificado, os réus também enfrentarão julgamento pelos crimes de aborto provocado por terceiro sem o consentimento da gestante, ocultação de cadáver e corrupção de menor. A data do julgamento ainda não foi marcada.

Agora, caberá ao Tribunal do Júri analisar o caso e decidir a culpabilidade dos acusados.

O caso de Roberta Dias remonta a 11 de abril de 2012, quando a jovem, então com 18 anos, desapareceu após sair de casa para uma consulta de pré-natal. Ela estava grávida de seu namorado, Saulo Araújo, que tinha 17 anos na época.

As investigações sobre o desaparecimento revelaram que a família de Saulo não aprovava o relacionamento, e a mãe do rapaz teria tentado convencer Roberta a fazer um aborto. Por conta disso, a mãe de Saulo foi considerada a principal suspeita no início das investigações.

Durante anos, várias investigações foram conduzidas, com diversos suspeitos sendo investigados e descartados. No entanto, o pai de Roberta Dias, Ademir Dias, que buscava justiça e exigia a resolução do caso, foi morto em um ponto de ônibus na zona rural de Piaçabuçu em 2014. Ainda não está claro se sua morte está relacionada ao caso do desaparecimento de sua filha.

Em 2018, o desaparecimento de Roberta Dias começou a ser esclarecido após o vazamento de um áudio periciado pela Polícia Federal. No áudio, Karlo Bruno, amigo de Saulo Araújo e suposto pai da criança que Roberta esperava, descreve em detalhes como ele e Saulo teriam assassinado e enterrado o corpo da jovem.

Karlo Bruno confessa ter participado do sequestro e relata como Saulo encontrou Roberta antes que ela chegasse à clínica de saúde. Ele detalha o método usado para matá-la por asfixia, utilizando um fio de extensão de som automotivo, crime cometido na presença de Saulo.

Após a análise do áudio, o Ministério Público de Alagoas (MPAL) concluiu que Mary Jane, sogra de Roberta Dias, "foi a mentora e financiadora do crime". Ela e Karlo Bruno foram denunciados pelo MPAL por homicídio duplamente qualificado, ocultação de cadáver e aborto provocado por terceiro.

A descoberta de um crânio em uma praia de Piaçabuçu em abril de 2021 levou a família de Roberta Dias a realizar uma busca particular na região, resultando na descoberta de parte de um esqueleto humano três dias depois. Mônica Reis, mãe de Roberta Dias, estava convencida de que os restos mortais encontrados pertenciam à sua filha, devido às roupas que ela usava no dia do desaparecimento.

Após a confirmação por meio de um laudo pericial emitido pelo Laboratório de Genética de Forense do Instituto de Criminalística, a família pôde finalmente realizar o sepultamento de Roberta Dias em novembro de 2021, quase dez anos após o seu desaparecimento. O julgamento dos réus agora buscará trazer justiça para Roberta Dias e sua família, esclarecendo os detalhes desse crime brutal.

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