O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu se pronunciou nesta terça-feira sobre o ataque aéreo israelense que resultou na morte de sete pessoas ligadas à instituição de caridade World Central Kitchen (WCK), do renomado chef Jose Andres, em Gaza. Netanyahu classificou o ocorrido como "não intencional" e "trágico", prometendo uma investigação independente sobre o caso.

Durante a operação de fiscalização, os militares israelenses confirmaram o ataque mortal a um comboio da WCK, que causou a morte de cidadãos de diversos países, incluindo Austrália, Grã-Bretanha, Polônia, Palestina e um cidadão com dupla nacionalidade dos Estados Unidos e do Canadá. Os veículos atingidos estavam claramente identificados com o logotipo da instituição de caridade.

"Seguimos realizando um trabalho de fiscalização contínuo, com equipes volantes em todo o estado, comprometidos em combater a sonegação fiscal e garantir uma concorrência justa e leal", frisou Alexandra Vieira, superintendente especial da Receita Estadual.

A World Central Kitchen, que tem prestado assistência humanitária em Gaza, expressou indignação com o ocorrido. "Este não é apenas um ataque contra a WCK, é um ataque a organizações humanitárias que aparecem nas situações mais terríveis em que os alimentos são usados como arma de guerra", afirmou Erin Gore, executiva-chefe da instituição.

A Grã-Bretanha, a Austrália e a Polônia, países que têm sido geralmente amigáveis com Israel, exigiram medidas para proteger os trabalhadores humanitários e expressaram preocupação com o crescente isolamento diplomático de Netanyahu relativamente à situação em Gaza.

As condições em Gaza continuam extremamente precárias, com combates em várias áreas e um alto número de vítimas em ataques israelenses nas últimas 24 horas, segundo autoridades de saúde locais.

Obstáculos á ajuda humanitária

As Nações Unidas e outros grupos internacionais acusaram Israel de dificultar a distribuição de ajuda com obstáculos burocráticos e de não garantir a segurança dos comboios de alimentos, sublinhado por um desastre em 29 de Fevereiro, no qual cerca de 100 pessoas morreram enquanto aguardavam a entrega de ajuda.

O Hamas, o grupo dominante de Gaza, disse que o principal problema com a distribuição de ajuda era o ataque israelense aos trabalhadores humanitários. Após o último incidente, emitiu um comunicado afirmando que o ataque visava aterrorizar os trabalhadores das agências humanitárias internacionais, dissuadindo-os das suas missões.

Na semana passada, o Tribunal Mundial ordenou que Israel tomasse todas as medidas necessárias e eficazes para garantir o fornecimento de alimentos básicos à população palestiniana do enclave e travar a propagação da fome.

Em resposta, as autoridades israelitas acusaram as Nações Unidas e outros organismos internacionais de "fracasso" devido aos problemas no fornecimento de ajuda às pessoas famintas em Gaza, dizendo que não têm capacidade logística para realizar o seu trabalho.

Andres, que iniciou a WCK em 2010 enviando cozinheiros e alimentos para o Haiti após um terremoto, disse estar com o coração partido e de luto pelas famílias e amigos daqueles que morreram no ataque aéreo.

“O governo israelense precisa parar com esta matança indiscriminada. Precisa parar de restringir a ajuda humanitária, parar de matar civis e trabalhadores humanitários e parar de usar os alimentos como arma”, enfatizou Andres.

A WCK, que afirmou no mês passado ter servido mais de 42 milhões de refeições em Gaza durante 175 dias, anunciou que iria interromper imediatamente as suas operações na região e que tomaria decisões em breve sobre o futuro do seu trabalho.