O mercado financeiro projeta um crescimento de 2,01% para o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil em 2025, uma expectativa inferior ao avanço de 3,49% estimado para 2024. A previsão de desaceleração reflete um cenário de desafios internos, incluindo uma política monetária restritiva e um ajuste fiscal. O resultado da economia brasileira em 2024, no entanto, só será divulgado oficialmente pelo IBGE em março de 2025.

A estimativa de crescimento foi publicada no Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central (BC) em 30 de dezembro de 2024, que traz a visão de economistas sobre a atividade econômica do país. De acordo com as projeções, a economia brasileira deverá crescer a um ritmo mais modesto em 2025, com algumas estimativas apontando para uma alta de apenas 1,5%, como é o caso da Fecomércio SP. Por outro lado, o Ministério da Fazenda tem uma visão mais otimista, prevendo um crescimento de 2,5%.

Em comparação com a média global, o Brasil está projetado para registrar um crescimento abaixo das economias mais dinâmicas. Organismos internacionais, como a Fitch Ratings e a OCDE, indicam uma expansão do PIB mundial entre 2,6% e 3,3%. Países como os Estados Unidos, a Índia e a China devem manter um ritmo de crescimento superior ao do Brasil, impulsionados pela redução das taxas de juros e pela resiliência da atividade econômica, principalmente na Ásia.

O economista Ecio Costa, da UFPE, explica que, enquanto países desenvolvidos estão em um ciclo de redução das taxas de juros devido ao controle da inflação, o Brasil enfrenta um processo de "reinflação", o que tem levado o Banco Central a aumentar as taxas de juros. Isso torna investimentos em setores como tecnologia e infraestrutura mais inviáveis, o que contribui para a desaceleração econômica. A previsão é de que a Selic termine 2025 em até 15%, após um aumento recente de 1 ponto percentual e a perspectiva de novas elevações.

Além disso, o ajuste fiscal do governo brasileiro também pesa sobre as projeções de crescimento. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou um pacote fiscal em 27 de novembro de 2024, visando reduzir os gastos públicos entre 2025 e 2030. O Congresso aprovou grande parte das medidas no final de dezembro, embora algumas ainda dependam de votação em 2025.

Dentro do G20, grupo que reúne as maiores economias do mundo, pelo menos seis países devem registrar crescimento superior ao do Brasil. Arábia Saudita, Argentina, China, Índia, Indonésia e Turquia são alguns exemplos, com estimativas de crescimento que variam de 2,6% a 6,9%.

Um ponto importante a ser destacado é que as projeções econômicas do mercado têm se mostrado erradas nos últimos anos. Para 2023, por exemplo, a expectativa era de um crescimento de apenas 0,8%, mas o PIB brasileiro superou as previsões e avançou 3,2%. Esse erro nas estimativas reflete a dificuldade do mercado em prever as reais condições econômicas do país.

Em resumo, as perspectivas para o Brasil em 2025 indicam um cenário de desaceleração econômica, com desafios internos como a política monetária restritiva e o ajuste fiscal, mas também com um ambiente global mais favorável que pode gerar oportunidades para o país.