O Dia das Flores chega à 10ª edição em Maceió como uma das manifestações culturais e espirituais mais marcantes da cidade. Instituída por lei municipal, a celebração está marcada para o dia 3 de janeiro, a partir das 16h15, com concentração no Posto 7, na Jatiúca, e cortejo pela orla até a Praça Ganga Zumba, na Praia de Cruz das Almas.

Neste ano, o evento presta homenagem ao professor e teólogo Edson Moreira, idealizador da celebração, que será lembrado com música e caminhada à beira-mar. Ao longo da última década, o Dia das Flores se consolidou como um espaço de encontro entre diferentes crenças, povos e expressões culturais, reunindo grupos religiosos, artistas e participantes ligados ao turismo e à cultura popular.

Edson Moreira deixou uma trajetória marcada por iniciativas ligadas à valorização da cultura afro-brasileira, da memória histórica e do patrimônio de Alagoas. Entre suas contribuições estão a criação da Praça Ganga Zumba, a doação da estátua de Zumbi dos Palmares no Centro de Maceió, a defesa do tombamento da Serra da Barriga, o fortalecimento do Xangô Rezado Alto e projetos voltados à revitalização urbana e ao turismo cultural. Também estão entre suas iniciativas a proposta do 20 de Novembro como data simbólica da morte de Zumbi, além de projetos que homenageiam os povos africanos que ajudaram a construir o Brasil, alguns com previsão de implantação a partir de 2026.

A programação do Dia das Flores inclui apresentações culturais como a Roda de Samba Ilê Nifé Omi Omo Posu Beta, maracatu e o grupo Thembá, reforçando a diversidade de ritmos e tradições que marcam o evento.

Destino final do cortejo, a Praça Ganga Zumba é um dos espaços simbólicos da herança africana em Maceió. Criada em 1984, a praça homenageia Ganga Zumba, líder do Quilombo dos Palmares no século XVII, e foi o primeiro monumento do país dedicado a um herói negro antes mesmo das comemorações oficiais do tricentenário da abolição da escravidão. Após ter sido destruída em 2011 e reinaugurada em 2015, a praça voltou a ocupar um papel central na paisagem cultural da cidade.

Nos últimos anos, o espaço passou por revitalizações e ganhou novos elementos, como um monumento em homenagem à família de Zumbi dos Palmares. Com áreas de convivência, palco cultural e equipamentos públicos recuperados, a praça se mantém como ponto de referência para manifestações culturais e religiosas.

Ao completar uma década, o Dia das Flores segue reunindo flores, orações e passos compartilhados à beira-mar, reafirmando a convivência entre diferenças e a força simbólica da fé expressa de forma coletiva.