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PF indicia Bolsonaro e mais 36 por tentativa de golpe de Estado; ex-presidente nega trama

Jair Bolsonaro negou, em várias oportunidades, ter tramado um golpe de Estado

Por O Antagonista 21/11/2024 16h04 - Atualizado em 21/11/2024 17h05
PF indicia Bolsonaro e mais 36 por tentativa de golpe de Estado; ex-presidente nega trama

A Polícia Federal (PF) indiciou nesta quinta-feira, 21, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e ex-integrantes de seu governo no inquérito que apura a tentativa da execução de um golpe de Estado no Brasil.

O ex-presidente da República foi indiciado pelos crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado. Além dele, também foram indiciados ex-integrantes do Poder Executivo, os ex-ministros Walter Braga Netto, Augusto Heleno e Anderson Torres, o deputado federal e ex-diretor da Agência Brasileira de Informações (Abin), Alexandre Ramagem, e o presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar da Costa Neto.

As provas foram obtidas por meio de diversas diligências policiais realizadas ao longo de quase dois anos, com base em quebra de sigilos telemático, telefônico, bancário, fiscal, colaboração premiada, buscas e apreensões, entre outras medidas devidamente autorizadas pelo poder Judiciário”, escreveu a PF em nota oficial divulgada nesta quinta-feira.

Segundo a Polícia Federal, oficiais das Forças Armadas, assessores palacianos e ex-ministros de Estado, sob a coordenação de Jair Bolsonaro, participaram de reuniões em que se discutiram a possibilidade de se instituir um golpe de Estado.

Para a PF, o plano somente não foi concretizado porque não houve o aval dos então comandantes do Exército o general Marco Antônio Freire Gomes e da Aeronáutica o brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior. O então comandante da Marinha Almir Garnier Santos, do outro lado, deu aval à trama golpista.

O ex-presidente da República negou, em várias oportunidades, ter tramado um golpe de Estado. “O que é golpe? É tanque na rua, é arma, é conspiração. É trazer classes políticas para o seu lado, empresariais. É isso que é golpe. Nada disso foi feito no Brasil”, disse ele durante manifestação em maio deste ano.

Conforme adiantou este portal, o pedido de indiciamento pelos três crimes ocorre para que o caso seja analisado de forma sistêmica e não individualizada, embora a PF tenha estabelecido seis núcleos de atuação. Cada um com sua participação no episódio. As ações, conforme a PF, começaram a se delinear após as eleições de 2022.

O relatório, com mais de 800 páginas, já foi encaminhado ao ministro do STF Alexandre de Moraes, responsável pela investigação. Agora, o pedido de indiciamento da PF será repassado ao procurador-geral da República, Paulo Gonet, para oferecimento ou não de denúncia.

Polícia Federal dividiu grupo em seis núcleos temáticos


No material, a PF destrincha a organização criminosa em seis núcleos: o de desinformação e ataques ao sistema eleitoral; o responsável por incitar militares a aderir ao golpe de estado; o núcleo jurídico; o núcleo operacional de apoio a ações de caráter supostamente golpistas; o núcleo de inteligência paralela e o núcleo operacional para cumprimento de medidas coercitivas.

Qual é a participação de cada um?

Por exemplo, segundo a PF Jair Bolsonaro teria não somente dado aval para um suposto golpe de Estado como teria participado ativamente desse processo. A prova citada pela PF é a chamada “minuta do golpe”. Para a corporação, Bolsonaro “analisou e alterou uma minuta de decreto que, tudo indica, embasaria a consumação do golpe de Estado em andamento”.

Já o general Walter Braga Neto está incluído no núcleo responsável por incitar militares a endossarem um plano supostamente golpista. Filipe Martins é integrante do chamado núcleo jurídico ao, segundo a PF, ajudar a escrever a minuta do golpe e dar sustentação técnico/jurídico ao movimento. Desse núcleo também fazem parte o ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos.

Tércio Arnaud Tomaz, conforme a PF, faria parte do núcleo de inteligência paralela assim como Alexandre Ramagem. Para a corporação, os dois atuaram de forma conjunta para coletar informações sobre adversários e espalhar dados incorretos ou distorcidos, quer seja sobre o sistema eleitoral ou sobre a conduta ética de adversários do governo federal.

Leia abaixo a lista de todos os indiciados


Ailton Gonçalves Moraes Barros

Alexandre Castilho Bitencourt Da Silva

Alexandre Rodrigues Ramagem

Almir Garnier Santos

Amauri Feres Saad

Anderson Gustavo Torres

Anderson Lima De Moura

Angelo Martins Denicoli

Augusto Heleno Ribeiro Pereira

Bernardo Romao Correa Netto

Carlos Cesar Moretzsohn Rocha

Carlos Giovani Delevati Pasini

Cleverson Ney Magalhães

Estevam Cals Theophilo Gaspar De Oliveira

Fabrício Moreira De Bastos

Filipe Garcia Martins

Fernando Cerimedo

Giancarlo Gomes Rodrigues

Guilherme Marques De Almeida

Hélio Ferreira Lima

Jair Messias Bolsonaro

José Eduardo De Oliveira E Silva

Laercio Vergilio

Marcelo Bormevet

Marcelo Costa Câmara

Mario Fernandes

Mauro Cesar Barbosa Cid

Nilton Diniz Rodrigues

Paulo Renato De Oliveira Figueiredo Filho

Paulo Sérgio Nogueira De Oliveira

Rafael Martins De Oliveira

Ronald Ferreira De Araujo Junior

Sergio Ricardo Cavaliere De Medeiros

Tércio Arnaud Tomaz

Valdemar Costa Neto

Walter Souza Braga Netto

Wladimir Matos Soares

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