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Reação negativa ao pacote de gastos faz Dólar disparar e Bolsa cair
A incerteza em relação à eficácia do pacote de controle de gastos tem gerado frustração no mercado
O dólar apresentou uma forte alta nesta segunda-feira (23), após encerrar a sessão anterior em queda. O aumento da moeda norte-americana reflete o movimento de valorização no mercado internacional. Às 14h35, a cotação do dólar subia 1,94%, alcançando R$ 6,189. Já a Bolsa de Valores recuava 0,82%, registrando 121.094 pontos, após duas sessões consecutivas de alta.
O mercado segue preocupado com a situação fiscal do Brasil, enquanto investidores avaliam o impacto do pacote de cortes de gastos aprovado no Congresso Nacional. A equipe da XP estimou que, após a tramitação do pacote, a economia fiscal para o próximo biênio recuou de R$ 52 bilhões para R$ 44 bilhões. Já os cálculos do governo indicam uma economia em torno de R$ 70 bilhões. No entanto, analistas apontam que, apesar de ser um passo na direção certa, o valor ainda é considerado insuficiente para garantir o cumprimento das metas fiscais e a manutenção dos limites de despesas do arcabouço fiscal nos próximos anos.
A incerteza em relação à eficácia do pacote de controle de gastos tem gerado frustração no mercado. O Departamento de Pesquisa Econômica do Banco Daycoval, por meio de um relatório, destacou que o cenário fiscal desafiador continua devido à dificuldade do governo em aprovar medidas impopulares, essenciais para o ajuste fiscal.
Além disso, a divulgação do Boletim Focus nesta segunda-feira também impactou as expectativas do mercado. Os analistas aumentaram pela sexta semana consecutiva a projeção para a taxa básica de juros (Selic) no final de 2025, agora estimando que ela chegue a 14,75%. As projeções para a inflação, medida pelo IPCA, também subiram: para 2024, a estimativa foi revisada de 4,89% para 4,91%, e para 2025, de 4,60% para 4,84%, ambas bem acima da meta de inflação de 3% estipulada pelo Banco Central.
O cenário para o câmbio também revela pressão, com o dólar projetado a R$ 6,00 no fim deste ano e a R$ 5,90 no encerramento de 2025. O ambiente externo também influencia a cotação da moeda, com os investidores ainda digerindo as recentes decisões dos bancos centrais. Na semana passada, o Federal Reserve surpreendeu os mercados ao indicar um ritmo moderado de cortes nas taxas de juros, o que impulsionou tanto os rendimentos dos Treasuries quanto a valorização do dólar.
Na última sexta-feira, o dólar fechou em queda de 0,87%, cotado a R$ 6,071, após uma sessão de alta volatilidade. A moeda iniciou o dia em queda, mas se recuperou durante o pregão, após leilões extraordinários de US$ 3 bilhões realizados pelo Banco Central. A forte intervenção da autoridade monetária ajudou a reduzir a cotação da moeda.
Nos últimos dias, o Banco Central tem intensificado suas intervenções no mercado cambial, injetando bilhões de dólares para tentar conter a disparada da moeda. Desde o dia 12 de dezembro, foram aplicados US$ 27,77 bilhões no mercado de câmbio, o maior valor registrado em um único mês. Essas ações têm ajudado a segurar a valorização do dólar, que acumula uma alta de 4,45% em dezembro e 29% no ano.
Apesar dessas intervenções, a crescente desconfiança do mercado quanto à capacidade do governo de equilibrar as contas públicas segue sendo um fator crucial para a pressão sobre a cotação do dólar.
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